Quando acordei,
Huang Tuo estava curando Pian Feng, Liao Jian estava sentado fracamente no chão e Xing Gui ainda estava dormindo
em seus braços. Chao Ya estava curvada no chão e cuspia sangue, como neve
derretendo se tornando uma água gelada. E Die Che estava no chão atordoada, seu
rosto parecia ter envelhecido centenas de anos em um instante. Yue Shen estava
segurando sua lâmina de luar no pescoço de Die Che.
A parede do suspiro estava em pedaços, poeira voava
por toda parte, e então gradualmente ficando firme.
Die Che balançava sua cabeça, dizendo. “Isso é
impossível. Como pode alguém, que vem de fora da montanha Huan Xue destruir a
parede do suspiro?”
Yue Shen tirou sua lâmina de luar e disse. “Eu não
acho que nós precisamos matar ela mais. Ela já está morta.”
Antes de deixarmos o Palácio Po Tian Zhu Que, Chao
Ya me disse. “Meu rei, na verdade dentro da tribo da música xamânica, Die Che
era a melhor deusa da beleza e bondade. Meu rei, se você é proficiente em
harmonia ou melodia, você teria compreendido que para alguém que pode tocar uma
música tão bonita não é definitivamente uma pessoa de coração ruim".
Yue Shen disse, “Por isso não a matei. Meu rei, na
verdade ela não usou o mais poderoso feitiço de assassinato, senão Liao Jian e
Xing Gui estariam mortos agora. Quando realmente lutei com ela naquela hora
percebi que sua habilidade não é de qualquer maneira inferior a minha."
Me virei, o templo estava perdido em um pálido
brilho azul, eu sabia que Die Che já tinha retirado seu poder espiritual, o
palácio inteiro se tornou uma enorme, mas ainda magnífica ruína. Pude ver
muitas empregadas do palácio indo para fora e sabia que foi Die Che que pediu
para elas saírem. Porque quando nós estávamos prestes a passar pela parede do
suspiro, Die Che disse, “Ka Suo, não posso mais guardar esse palácio porque
sempre pensei que meus sentimentos eram os maiores e mais nobres sentimentos do
mundo, tão fortes, mas desesperados. Mas eu encontrei outro sentimento que
superou os meus, então não há mais motivo para proteger esse palácio mais. Acho
que vou fazer uma viagem para o mundo mortal, tocar cítara, cantar canções para
fazer os mortais lembrarem também da minha cítara de borboleta mágica, como
eles lembram da cítara da mãe de Chao Ya, Wu Yin Qin.”
Então vi seu sorriso, um florido e quente sorriso,
aquela linda mulher não é mais a arrogante e poderosa guardiã do Sul, mas uma
mulher comum, abraçando sua cítara, tocando músicas tristes.
Me inclinei para ela com o meu status de rei; não
sabia que tipo de pessoa ela era no passado, se apressando pela trajetória de
sua vida, mas esse curto espaço de tempo foi lembrado depois de tantos milhares
de anos. Die Che me deu um sonho, ela me disse que o sonho tem a aparência
dessa pessoa; Ela tem tido esse sonho todas as noites, um sonho que ela teve
por mil anos. Nele havia um pátio coberto de flores de cerejeira e neve, havia
um vento soprando as flores de cerejeira para fora do chão como a neve caindo,
um homem estava parado no meio da neve, seu sorriso era tão gentil e brilhante,
sobrancelha espessa, olhos brilhantes. Ele caminhou até Die Che, inclinado e
sorrindo para ela; Seu sorriso era tão brilhante como o sol, então o vento
veio, as flores de cerejeira no chão voaram para cima ficando no ar e eles se
transformaram em sangue vermelho no meio do ar, seus cabelos e manto estavam
voando ao mesmo tempo, criando um som de farfalhar. Então a cena ficou estática
e tudo desapareceu lentamente como nevoeiro.
Meu nome é Die
Che, nasci na tribo da música xamânica. Minha mãe me disse que quando eu nasci,
Zhuo Yue Xing subiu para o ponto mais alto do céu, aquele luar frio e disperso
no céu escuro da noite caiu finalmente entre meus olhos se tornando a alma de
cristal.
Fui uma criança
com um forte poder espiritual, meu cabelo era tão longo quanto dos meus irmãos
e irmãs mais velhos, eles me mimaram muito, sempre me carregando em seus
ombros. Eles sempre me chamavam pelo meu nome, Die Che, Die Che, Die Che.
O nome do meu
irmão mais próximo era Chi Mo, ele era o mais jovem entre a tribo da música
xamânica, e seu cabelo era macio como seda. Nós crescemos juntos.
Meu irmão era
como eu, uma criança com fortes poderes espirituais, ele me ensinou todo o tipo
de magia, ele me ensinou como controlar os acordes criando ilusões, olhos
gentis e lábios sorridentes.
Quando eu ainda
era uma criança, Chi Mo sempre me levava para as profundezas da floresta
nevoeiro da neve para ver enormes pássaros cantando entre as sombras das
árvores, o canto tão desolador fizeram cicatrizes invisíveis através do céu
azul claro. Meu irmão sempre olhava para aqueles pássaros em pânico e me dizia:
"Die Che, você já pensou em voar no céu para dar uma boa olhada neles?
Quero saber se há flores de cerejeira em cima das nuvens ou se o céu é ocupado
pelas almas."
Tudo que Chi Mo
me contava eu sempre veria naquelas sombras salpicadas de árvores que caíam em
seus olhos cristalinos. Por muito tempo pensei que seus olhos eram escuros,
como a tinta pura de yan hu suo, tão escuro e assustador, agarrando tudo,
guardando tudo. Sempre me senti cheia de medo, mas toda vez que Chi Mo sorria
para mim, aquele limpo e lindo sorriso era como brilhantes raios de sol deixados
em meu rosto que se tornariam flores de cristais florescendo.
Sempre acreditei
que o corpo do meu irmão tinha cheiro de flores florescendo. Assim como
acreditava que suas roupas teriam a essência da flor.
Esses momentos
perfumados poderiam ser eternos.
Chi Mo era dez
anos mais velho que eu, quando eu tinha 120 anos; meu irmão mais próximo já
tinha 130 anos. Naquela manhã em particular, eu estava prestes a sair de casa
para procurar por Chi Mo, naquele momento eu o encontrei em pé no meio da neve,
meu irmão adulto. Quando ele virou sua cabeça, pude ouvir o som de flores de
cerejeira florescendo.
Chi Mo estava na
minha frente, alto e reto, sua longa capa era como uma nuvem flutuante
esboçando sua figura longa e delgada. Chi Mo era mais bonito que meu pai e meus
outros irmãos, sua sobrancelhas eram tão retas como lâmina inclinada voando
para o cabelo no templo*, seu olhos eram
brilhantes como as estrelas no céu, seu rosto era fino como se esculpido pelo
vento. Ele estava de frente para mim, os cantos de sua boca levantados,
revelando seus dentes brancos, vi o sorriso brilhante de meu irmão.
Cerejeiras
floresciam presunçosamente atrás dele.
Ele andou na
minha frente, e se inclinou para me olhar e falou. “Bom dia, Die che.”
Dez anos mais
tarde, me tornei uma adulta também, fiquei na frente de Chi Mo e sorri para ele
exatamente como ele sorriu para mim dez anos atrás, Chi Mo fechou os olhos para
olhar para mim*,
seus cílios eram longos e macios, ele disse. “Die Che, você é a mais linda
mulher que eu já vi. Mais bonita que minha mãe.”
A mãe de Chi Mo
era uma concubina de meu pai, ela tinha morrido a muito tempo atrás e sua morte
foi causada por uma razão desconhecida que estava sendo escondida, ninguém
sabia a não ser meu pai e minha mãe.
Chi Mo cresceu
como uma criança sem mãe, mas ele foi calmo e amável, gentil e ficou distante
do mundo. Ele ainda era o mesmo depois de adulto. Sorria apenas por causa de
uma flor que florescia; Ele também sorria quando olhava para o céu. Todas as
noites ele se sentava na parede mais alta do palácio para tocar sua cítara,
inúmeros pássaros pairavam acima de sua cabeça, penas caíam e cobriam seus
olhos o transformando em uma pomba cinza e a forma das nuvens era como flores
vermelhas bêbadas.
Era assim que
ele vinha vivendo as últimas centenas de anos e toda vez eu lhe perguntava,
“Ge, você não está sozinho?”
Ele olhou para
mim e disse, “Eu nunca vou estar sozinho porque eu tenho Die Che.”
Chi Mo e eu
éramos aqueles com o poder espiritual mais forte da família, eu era o orgulho
de meu pai, mas não Chi Mo, meu pai não
gostava dele. Quando eu ainda era pequena, toda vez que meu pai me via com Chi
Mo ele vinha me pegar e me colocar em seus ombros, indo embora deixando meu
irmão para trás. Mas Chi Mo nunca estava chateado, ele sempre ficava atrás de
mim e me observava, toda vez que eu virava a cabeça via o seu brilhante sorriso
de flor de cerejeira, ele ficava na linha do horizonte e me observava de longe.
Uma vez
perguntei ao meu pai a razão dele não gostar de Chi Mo, essa foi a primeira vez
e também a última porque sua expressão calorosa se tornou fria de repente como
gelo. Então ele acariciou meu cabelo e disse, “Die Che, um dia quando eu for
velho, você se tornará a nova soberana da tribo da música xamânica, você vai
ficar no centro do grande salão e tocar para o nosso rei nobre, sua música será
ouvida em todo o Império de neve. Você é meu orgulho.” eu olhei para cima,
sempre veria o rosto divino do meu pai e ele acariciando meus longos cabelos
sorrindo para mim. Seu sorriso era sombrio como o crepúsculo.
Nunca culpei meu
pai, mas quando olhava para meu irmão me sentia triste e deprimida porque eu
adorava meu pai, ele era o maior músico da história da tribo da música
xamânica. Chi Mo também o adorava e toda vez quando ele mencionava o pai, seus
olhos brilhavam e sua expressão pareceria excepcionalmente respeitosa. Mas meu
pai não gostava dele, eu sempre me sentiria triste por Chi Mo.
Meu pai era o
músico imperial do Império da Neve e também o único homem que era muito versado
na música, no passado a maioria dos soberanos da tribo da música xamânica eram
mulheres e sua música era suave e linda. Mas a música do meu pai era como um
sol jorrando, como a tempestade de neve, não ouvi a performance de meu pai
quando ele se tornou o músico imperial. Eu só ouvi da minha família, eles me
disseram naquele dia, a alma e os espíritos da música do meu pai estavam
flutuando acima de todo o Império da Neve, todos os pássaros de todos os lugares
voavam alto para o céu e seu gorjeio demorava longamente pela Cidade Ren da
neve.
Sou o orgulho de
meu pai, sempre que ele me trouxe para assistir às várias cerimônias na cidade
ren da neve, ele me colocava em cima de sua cabeça e dizia a todos os
feiticeiros, espadachins e astrólogos: "Esta é minha filha, a melhor
musicista da Família." Me inclinei na cabeça do meu pai e vi o sorriso em
seu rosto. Um vento sonoro soprou pelo grande salão, meus cabelos e roupões se
espalharam no ar e vi os rostos daqueles que estavam ao meu redor, eles estavam
sorrindo para mim, mas eu sempre pensava no rosto de Chi Mo. Queria saber se
aquelas pétalas minúsculas cairiam em seus cílios longos ou não.
Toda vez que eu
saía do palácio para a cidade ren da neve, meu irmão Chi Mo sempre ficava no
portão para se despedir, ele sempre se abaixava e me dizia: "Die Che,
estou esperando pela sua volta."
Quando deixava o
palácio, sempre voltava a cabeça para olhar meu irmão, vendo seu manto voar ao
vento, seu sorriso suave como se a luz das estrelas guardassem o portão da
cidade, tão embaçado e leve. Em torno de nós, flocos de neve minúsculos
continuavam a bater no muro escuro da cidade, como um suicídio trágico, mas
ainda delicado.
E quando
voltava, eu sempre via Chi Mo sentado na parede mais alta da cidade esperando
por mim, ele teria sua cítara nos joelhos, seus dedos longos e delgados
começariam a correr pelos acordes criando uma música melodiosa. Aqueles
pássaros voando sempre pairavam acima de sua cabeça, suas penas caíam
levemente, sempre que vi meu irmão, quieto e impressionante, quis chorar.
Quando Chi Mo e
eu crescemos deixamos a floresta do nevoeiro e nunca voltamos desde então. Chi
Mo já não me levava até o fim do bosque para ver aqueles pássaros voando
através das sombras daquelas árvores altas. Mas ocasionalmente ficávamos na
parede mais alta do palácio, vendo o outro lado do mar gelado.
Os olhos do meu
irmão sempre sentiram a dor ardente do vento, mas ele insistia em não fecha-los
até que começassem a lacrimejar. Perguntei o motivo dele não fechar os olhos e
ele se virou para me responder: "Por que esses pássaros voam livremente no
céu enquanto tenho que estar tão fraco no vento?"
Olhei para meu
irmão, sem saber como responder, mas ele sorriu em um piscar de olhos, ele
disse: "Die Che, não precisa pensar, algumas coisas não têm uma
resposta." Com isso, Ele sorriu para mim, o sorriso que encheu com o
cheiro de flor.
Chi Mo sempre me
perguntou, "Die Che, você sabe o que está do outro lado do mar de
gelo?"
Eu disse a ele o
que papai tinha me dito antes, a tribo do fogo estava vivendo do outro lado do
Mar de Gelo, era a raça do mal.
Chi Mo sempre
olhou para o outro lado do mar de gelo por um longo tempo sem dizer uma
palavra, suas costas estavam contra mim, eu não podia ver seus olhos, mas podia
imaginar, seus olhos estavam definitivamente cheios com as sombras dos pássaros
voadores no céu.
O vento no mar
era sempre forte, toda vez que meu irmão me perguntava: "Die Che, você
está com frio?" Então ele caminhou e tirou seu manto, me envolvendo em seu
abraço, eu podia sentir o cheiro de flores florescentes. Sabia que os espíritos
das flores começaram a dançar.
Chi Mo era o
único músico do sexo masculino que tinha o mesmo nível que eu, nenhum dos meus
outros irmãos tinha passado no teste do músico; É quase um fato que quase não
tem músicos do sexo masculino na história da tribo da música xamânica, então no
momento em que vi Chi Mo vestindo um belo manto preto de músico que tinha
cortes de ouro, me senti tão fracamente feliz, tão lento e vago mas ainda muito
comovida.
Mas ainda podia
ouvir meu pai suspirando pelas minhas costas e quando me virei, vi uma gota de
lágrima rolar pelo canto dos olhos dele, esta foi a primeira vez que o vi
chorar.
Meu irmão nunca
gostou de conversar com as pessoas desde que ele era um garoto, ele é sempre de
ficar em um lugar sozinho, calmo e comum.
Esta foi uma
frase que ele sempre me disse: "Die Che, você quer partir comigo?"
Naquela época eu
não entendi os motivos dele, então perguntei, "Partir? Chi Mo, você quer
dizer deixar o palácio da tribo da música xamânica?"
Chi Mo olhou
para mim, seus olhos pareciam tristes como um assustador pôr do sol, ele se
aproximou e agarrou meus ombros, se inclinando para olhar para mim. "Die
Che, eu quero levar você comigo, podemos ir para o outro lado do Mar de Gelo,
podemos sair deste lugar, você vai vir comigo?"
Olhei para o
rosto de Chi Mo; o olhar doloroso em seu rosto era como uma ferida profunda.
Eu disse,
"Ge, eu vou para qualquer lugar que você queira que eu vá."
Então Chi Mo
descansou a cabeça em meu ombro, ele não chorou alto, mas podia sentir sua
lágrima escorrendo pelo meu pescoço gota após gota, não sabia que a lágrima do
nosso povo tribal poderia ser tão quente que pudesse quase me queimar.
Chi Mo sussurrou
para mim, "Die Che, eu não quero que você vá a qualquer lugar, você deve
viver feliz no palácio da tribo e se tornar a nova soberana. Não se esqueça que
você é a filha mais querida do pai.”
O pássaro de
neve passou voando apressadamente; o choro veio um após o outro, era uma ferida
rouca aparecendo em sequência.
Quando eu tinha
190 anos, meu pai anunciou oficialmente que me tornaria a próxima soberana da
tribo música xamânica. Naquele dia, no palácio aberto, a voz de meu pai era
excepcionalmente alta e permanecia por muito tempo no palácio. Fiquei no centro
do grande salão quando a conquista veio de uma direção desconhecida começando a
soprar meu cabelo, cobrindo meus olhos. Queria ver o sorriso de Chi Mo, então
não me sentia tão perturbada, mas só pude ver de Chi Mo um sorriso vago da
abertura do meu cabelo bagunçado. Só podia ver seus dentes brancos e
sobrancelhas retas, como o sorriso do pôr do sol escondendo atrás do vapor de
água. Mas ainda consegui me acalmar de repente, porque senti o cheiro de flores
florescer a minha volta.
No final da
cerimônia, vi o rei do Império da Neve; Ele veio para participar da cerimônia.
Ele era como meu pai, alto e poderoso, mas tinha uma aura inviolável de glória
divina em torno dele. Ele andou e parou diante de mim, sorrindo. "Die Che,
eu sei que você é a filha mais querida de seu pai, eu lhe dou essa cítara, me
dê sua mão."
Quando segurei a
cítara, senti uma dor súbita nas pontas de todos os meus dez dedos, então a dor
desapareceu no momento. Olhei para o rei e ele sorriu para mim, dizendo.
"Die Che, use o seu poder espiritual."
Quando li o
feitiço, vi dez acordes verdes cintilando em ambas as mãos, em seguida esses
acordes envolveram todo o grande salão por um momento. E quando puxei o cordão
gentilmente, ouvi uma melodia que nunca tinha ouvido antes.
O rei se sentou
no trono alto e sorriu para mim, dizendo. "A partir de hoje, essa cítara
será chamada Huan Die Qin."
Então o resto de
meu povo tribal e eu nos ajoelhamos, ouvi a adoração e oração que meu povo tinha
para o rei.
Mas quando o rei
caminhou para corredor, parou de repente diante de meu irmão, Chi Mo. Chi Mo
estava ajoelhado no chão com a cabeça baixa, sem dizer nada.
Vi a súbita
mudança na expressão do rei; Seus olhos tinham inúmeras nuvens de tempestade,
ele se virou para olhar para meu pai. Vi o horror no rosto do meu pai; uma aura
azul fria e assassina podia ser vista no rosto do rei e senti uma forte pressão
sufocada em meu corpo. Foi quando percebi como o poder do rei era insuperável.
Ouvi a voz rouca
do meu pai, dizendo humildemente. “Meu rei, eu sei o que fazer.”
Vi o rei sair do
salão; O vento encheu seu manto de fênix, voando levemente como as asas de uma
garça. No momento em que ele saiu do grande salão, meu irmão caiu de repente no
pátio do palácio, seus olhos estavam fechados, seus cabelos espalhados por sua
túnica e o sangue branco reluzente continuava a fluir de sua boca.
Meu pai se
aproximou e o levou para cima, depois saiu do corredor. Quando ele estava na
porta, ele se virou para mim. "Die Che, de agora em diante, você é a
soberana da tribo música xamânica, você carrega o destino de toda a
tribo."
Depois que meu
pai saiu, todos também saíram. Eu era a única deixada no centro do salão, sem
saber para onde deveria ir. Olhei para a cúpula alta, rasgando como chuva.
Desde então,
nunca mais vi meu irmão, Chi Mo.
A partir desse
dia, meu irmão me deixou, continuei tendo o mesmo sonho sem fim, o sonho está
cheio de sorrisos de Chi Mo, ele estava de pé no alto do muro da cidade com sua
túnica branca, imponente. Ele estava esperando que eu voltasse para casa,
incontáveis pássaros voadores se reuniram e se dispersavam no céu como as
nuvens sempre mudando, as penas caindo, flores de cerejeira florescendo, a
túnica do meu irmão voando ao vento. Meu irmão estava tocando a cítara, seus
dedos estavam secos, mas ágeis, sua música estava fraca e brilhante, como o
nascer do sol. Eu sempre ouvia meu irmão conversando comigo, me dizendo seu
anseio por um amor desesperado, quebrado e altruísta. No final do sonho,
aquelas flores de cerejeira dançantes ficaram vermelhas em um momento, vermelho
fresco como o sol derretido na água se transformando na luz e cor de uma
ilusão. Então tudo desapareceu, o sorriso do meu irmão apareceu e desapareceu
dentro da névoa dissipante.
Sempre perguntei
a meu pai para onde Chi Mo foi, se ele estava bem, o motivo dele não vir me
ver.
Meu pai sempre
ficava em silêncio; Ele apenas apontava para os pássaros da neve voadores no
céu e dizia. "Die Che, você vê aqueles pássaros, tão despreocupados."
De repente, me
lembrei do passado, quando Chi Mo me trouxe para a floresta de nevoeiro da neve
para ver as sombras dos pássaros voando, vendo as sombras das árvores caírem em
seus olhos que se tornavam assustadoramente negros. Mas o tempo passava tão
rápido e cem anos passaram.
Os trovões
ressoavam através do céu, como tambores ecoando durante todo o império inteiro
da neve.
Chi Mo morreu
com a idade de 200 anos de idade, que também é ano quando me tornei a soberana
da minha tribo com a idade de 190.
Fui eu que matei
meu irmão, meu amado Chi Mo gege, o irmão que tem o perfume das flores
florescendo, o irmão que mais me amou, o irmão que dizia: "Enquanto a Die
Che estiver por perto, não vou estar mais sozinho."
Um mês depois do
desaparecimento de meu irmão, tive um sonho, no sonho Chi Mo estava trancado
debaixo de um altar, tão escuro e úmido, estava sendo pregado numa parede, com
a cabeça baixa e os cabelos cobrindo o rosto bonito. Não podia ver seu rosto,
mas sabia que meu irmão devia estar sofrendo muito.
Fui procurar por
meu pai, então ele me contou sobre meu irmão. A narração de meu pai era lenta e
ilusória, como um sonho vago com sentimentos claros e quando acordei do sonho,
já estava em lágrimas.
Meu pai me disse
que a mãe de Chi Mo era a mulher que mais amava; Sua mãe tinha a pupila
vermelha chamejante e flamejantes cabelos vermelhos longos porque ela era da
tribo de fogo. Na época em que o pai se casou com ela, ela possuía o rosto de
uma mulher da tribo do gelo, mas quando ela completou 200 anos, nesse tempo,
seus cabelos e olhos ficaram vermelhos de repente.
A mãe de Chi Mo
deu à luz por causa do meu pai e, na época em que Chi Mo nasceu, ela usou a
espada de gelo para abrir seu estômago e um incêndio incandescente rolou até o
chão; Chi Mo apareceu dentro da chama, tão sereno. Então as chamas foram
apagadas gradualmente, os cabelos e pupilas de Chi Mo mudaram de volta para a
mesma cor que a do meu pai, mas meu pai sabia que na época em que Chi Mo
completasse 200 anos, ele voltaria a parecer da Tribo do Fogo.
Naquele dia,
quando o rei passou por Chi Mo, ele descobriu que Chi Mo era o descendente da
Tribo do Fogo, então ele instruiu meu pai a fazer Chi Mo desaparecer e usar o
castigo cruel. Assim, meu irmão estava sendo cravado na parede por cinco
espadas de gelo por quatorze dias, e depois deixado sangrar até a morte
lentamente.
Quando ouvi
isso, minhas lágrimas não paravam de cair e eu pensava no corpo magro de meu
irmão.
Finalmente tenho
que ver Chi Mo no quarto subterrâneo debaixo do altar; Ele estava sendo pregado
nas grossas paredes de basalto com várias espadas de gelo, o sangue vermelho
escorria por seu peito furado, se espalhando pelo chão gelado. Vi seus cabelos
e pupilas ficarem vermelhos como a chama.
Fui para seus
pés e ele se inclinou para olhar para mim, seu cabelo estava cobrindo o rosto; ele
não mostrou qualquer dor ou ressentimento em sua expressão, ainda tão calmo e
grato.
Ele me disse:
"Die Che, você já sabe tudo, certo?"
Olhei em seus
olhos vermelhos e assenti. "Sim, eu sei, xiao gege*."
Ele disse:
"Die Che, não fique triste. Eu nunca odiei o pai, mas eu gostava mais de
você. Já tenho muita sorte de poder vir a este mundo. Por favor, cuide do pai e
de todos na tribo.”
No tempo que fui
lá, a terceira espada de gelo perfurou seu peito, podia ouvir o som da carne
sangrenta, pesado como magma viscoso borbulhando.
Vi suas
sobrancelhas firmemente juntas e isso fez meu coração doer.
Chi Mo olhou
para mim e disse, "Die Che, não fique triste. Ainda há mais dois sincelos*. Então poderei
dormir.”
"Gege, por
que o rei deve ser tão cruel com você? Eu não aprovo." Eu disse.
Então caminhei,
chamei a espada e perfurei sua garganta.
Chi Mo abaixou a
cabeça; Seus cabelos cobrindo meu rosto e suas lágrimas caíram em meus olhos.
Ouvi sua voz rouca e ele disse. "Die Che, por que você é tão tola? Por que
você quebrou o Código? "
Eu respondi:
"Ge, como posso ver você sofrer assim?"
O sangue de Chi
Mo escorria pela espada de gelo e depois pelo meu manto, matando todo o meu
manto de bruxaria.
Porque fui
contra o castigo do rei matando Chi Mo, o rei ficou furioso comigo. Quando
olhei nos olhos do meu pai, só podia ver tristeza e piedade, caminhei para
abraça-lo e as rugas em seu rosto se espalhando como pés de uvas crescendo
rápido.
Ele disse:
"O que você vai fazer?"
Eu disse:
"Pai, não estou preparada para ser a soberana da tribo música xamânica.
Vou deixar este palácio e encontrar um lugar para entrar em retiro, passando o
resto da minha vida lá."
Meu pai não
disse nada; só ouvi o choro do pássaro voando no céu. Olhei para cima e me
lembrei das penas cinzentas que caíam e nos olhos de Chi Mo, um lampejo de
tristeza, atraente e sedutor.
Quando estava me
preparando para sair do palácio, encontrei uma senhora no fundo da enorme
muralha da cidade. Ela me disse que seu nome era Yuan Ji e me perguntou se eu
estava disposta a ver se meus sentimentos em relação a Chi Mo poderiam tocar o
coração da parede de suspiro. Me virei para ver o palácio da minha tribo,
sentindo que era tão insignificante como um jardim de cristal.
Yuan Ji disse:
"Isso mesmo. É como um jardim de cristal.”
Eu me virei de
repente e perguntei a ela. "Como você sabia o que eu estava
pensando?"
Yuan Ji não me
respondeu. Ela disse: "Eu sei que você é uma musicista com forte poder
espiritual, você está disposta a dar uma olhada na lendária parede de suspiro?"
Abaixei a cabeça
e pensei sobre isso. Percebi que não há nada na Cidade Ren da Neve que não
poderia suportar deixar e então acenei com a cabeça.
No momento em
que assenti, vi incontáveis flores florescerem no ar, incontáveis espíritos de
flores. Isso não era uma ilusão porque vi o dedo de Yuan Ji se movendo e a
mágica que ela usou.
Na hora que saí
da Cidade Ren da Neve, minha mente tinha inúmeras cenas emergindo, vi meu irmão
parado no meio da neve sorrindo para mim; as sombras dos pássaros voando em
seus olhos como a cor do céu noturno, a desilusão em seus olhos; vi Chi Mo de
pé no portão da cidade esperando que eu voltasse e seus olhos brilhavam como as
estrelas no céu, a cor dos espíritos das flores correndo ao redor de sua
túnica; Vi meu irmão sentado no muro mais alto da cidade tocando sua cítara
esperando que eu voltasse para casa com o vento soprando em seus cabelos e sua
túnica sempre tão limpa e elegante; vi meu irmão sendo pregado na parede, sua
lágrima caindo sobre o meu rosto e também o seu manto azul, as grandes manchas
de água em seu manto eram como lótus florescentes ...
—
Trovão ressoou
atrás de mim, era tão alto como se toda a cidade entrasse em colapso.
Olhei para cima
e senti o cheiro de flores desabrochando em todos os lugares. Os espíritos das
flores.
Xiao gege, xiao
gege, meu amado Chi Mo finalmente desapareceu diante dos meus olhos.
"Ge, por
favor, me perdoe. Eu tenho que sair, deixar este palácio conturbado, deixar
essa cidade de ilusão que enterrou meus tempos felizes. Talvez no fim do céu,
eu veja sua alma e esse tempo, por favor, sorria para mim, assim como o sorriso
brilhante que era como nascer do sol, para que eu possa terminar meu choro com
um sorriso, e então me deixe ouvir você cantar livremente."
***
Porque Xing Gui estava dormindo, então não
poderíamos ir para a estrada para continuar com a nossa viagem, a nossa frente
estava o território do Guardião Norte, o território de Xing Zhou; Sem Xing Gui,
cada passo que déssemos era um purgatório imprevisível.
O santuário Zong Tian Xuan Wu estava no ponto mais
alto de uma montanha de neve; nós ainda podíamos vê-lo apenas por ficar no
território do Guardião do Sul, que o palácio majestoso branco era como a espada
mais afiada de três espinhas se estendendo para o céu azul claro, tão estranho,
mas ainda lindo. Durante essas poucas noites em que Xing Gui estava dormindo
profundamente, podíamos ver as estrelas acima do santuário de Zong Tian, elas
estavam mudando suas posições de acordo a uma trajetória muito estranha. Ocasionalmente
o santuário emite uma luz branca deslumbrante e forma um enorme hexagrama quando
essas luzes brancas brilham no céu escuro. Era como a marca no meio das
sobrancelhas de Xing Jiu e Xing Gui.
Xing Gui acordou de repente três dias depois do
coma, mas voltou a dormir instantaneamente, no momento em que ela estava
acordada, o sangue branco continuava jorrando de sua boca e agarrou o manto de
Huang Tuo com uma expressão dolorosa, dizendo: "Me leve... de volta...
para... Po Tian... Santuário..." Então ela voltou a dormir e não acordou
mais.
Uma vez que trouxemos Xing Gui de volta para o
arruinado Santuário Po Tian, ela começou a acordar, ainda se sentindo fraca
como se todo o seu poder espiritual estivesse sendo drenado. Huang Tuo a manteve
dentro do encantamento branco e então Xing Gui começou a ficar melhor dia a
dia.